segunda-feira, 28 de julho de 2014

Julho é o mês em que mais se morre na Bahia; frio e chuva são os vilões


Dizem que só há uma certeza na vida: a morte. Pois agora há outra: de que a chance de ela vir em um mês de julho é maior. Pelo menos no Brasil. E também na Bahia. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) analisados pelo CORREIO mostram que, entre 2003 e 2012, julho foi o mês com mais mortes por dia em cinco ocasiões. Em outras duas, junho ficou na frente. Nos últimos dez anos, morreram, em média, 70 mil pessoas por ano na Bahia (considerando causas naturais e violentas). Se a distribuição fosse regular, cada dia deveria ter 192 óbitos, em média. Julho, porém, registra média de 201 mortes por dia — 17 óbitos a mais do que novembro, o mês com menos falecimentos. Embora a diferença não seja tão grande com relação aos outros meses, ela é constante. No Brasil, o cenário é semelhante. São, em média, 1 milhão de mortes por ano, o que daria 2,9 mil mortes por dia. Julho, porém, tem média de 3,1 mil mortes diárias.

Mas qual seria a razão para tantos fins numa mesma época? “A primeira hipótese é a questão climática, porque é um mês mais frio, o que facilita a propagação de doenças respiratórias. No Inverno, as pessoas ficam mais próximas umas das outras, e isso aumenta o contágio e, posteriormente, o agravamento do quadro”, analisou o coordenador de disseminação de informações do IBGE na Bahia, Joilson Rodrigues. Faz sentido, e as estatísticas mostram que nas regiões Sul e Sudeste do país — onde o inverno tem temperaturas muitas vezes abaixo de 10° ou eventualmente até abaixo de 0° — a diferença de óbitos em junho e julho com relação aos demais meses é ainda maior do que nas outras regiões (veja gráfico na página ao lado).

Nos países da Europa e nos Estados Unidos, a alta na mortalidade também se dá no Inverno, que lá vai de dezembro a março. Mas, desde quando faz frio suficiente na Bahia e no Nordeste para aumentar a taxa de mortalidade? “Aqui, na Bahia, assim como no resto do Nordeste, o problema é o aumento do índice pluviométrico”, diz a médica reguladora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Maria do Socorro Mendonça, que também é presidente da Associação Baiana de Cirurgia Pediátrica.

Ou seja: mesmo quando as temperaturas não caem tanto, como no caso de Salvador, é preciso ter cuidado. Basta dar uma chuvinha mais frequente que já vai ter gente indo procurar um aconchego. E, apesar de isso ser muito bom, também pode ser perigoso, segundo a geriatra Christiane Machado, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA). “As pessoas ficam mais juntas, aglomeradas em locais fechados. Isso tudo pode contribuir para a proliferação das doenças infectocontagiosas e respiratórias nesse período. Por isso, temos campanhas para antecipar a vacinação contra a Influenza, todos os anos”, explica ela, referindo-se ao vírus da gripe.
(Correio da Bahia)

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