sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Ipiaú: Mirabela demite 200 funcionários
Ipiaú: demissões na Mirabela, monocultura e as lições que não aprendemos
A nova onda de demissões na Mirabela expõe novamente a fragilidade econômica da região de Ipiaú, outrora servida pelo milagre da monocultura cacaueira, com safras vendidas a preço de ouro, ciclo mais tarde interrompido pela perversa crise da vassoura de bruxa.
No desespero atual, com uma crise dentro de outra, enquanto muitos falam em socorrer com recursos públicos a empresa gestora do Projeto Santa Rita de Mineração ( que esta semana demitiu mais duzentos trabalhadores ) não se ouve falar de qualquer mobilização no sentido de, finalmente, dotar Ipiaú de uma agricultura mais forte e diversificada, que seria alavanca do desenvolvimento de uma região de grande potencial, independente de qualquer moda nova que chegue trazendo sonhos.
A monocultura é sempre um fator de risco. Seja o cacau, a cana de açúcar ou o minério. É como apoiar toda uma construção em um só pilar, sem cogitar uma possível quebra. Durante os últimos sete anos a sociedade ipiauense depositou todas as suas fichas nas apostas de que um ciclo de trinta anos de exploração de níquel seria a solução econômica. Com base no derrame de investimentos estrangeiros trazidos durante o período de implantação do projeto, era comum imaginar-se a Terra de Rio Novo como a mais nova região rica do país. 
Ninguém entretanto pensou em um bote salva vidas para o caso do barco começar a vazar água. E a água já está entrando. Não são só duzentos os demitidos por causa dos baixos preços do níquel no mercado internacional. A lista já soma várias centenas e o repasse de impostos para a cidade sede, Itagibá, práticamente estancou. Imagina-se o efeito cascata que cada trabalhador demitido deverá causar na queda de vendas no comércio, justamente em um período de final de ano, quando se há grande expectativa de aumento de negócios. A previsão é de aumento no esvaziamento de aluguéis, lojas e, em consequência, demissões também no comércio.
Se nossas lideranças tivessem aprendido com a crise do cacau, teriam feito do ciclo do minério uma oportunidade mais sólida, exigindo da multinacional, durante o período de implantação da mina, investimentos industriais que evitassem a queda econômica quando o projeto chegasse à sua fase final. Ao invés disso, foram feitas festas constantes e homenagens aos executivos da Mirabela, inclusive com entrega de título de cidadão a um deles por parte da Câmara Municipal. Muito parecido havia acontecido anteriormente, com o período forte do cacau, quando os investimentos eram feitos nas capitais, como se a boa fase do fruto do chocolate fosse eterna. Foi por causa disso que, no primeiro abalo, Ipiaú caiu  - mas foi socorrida pela chegada da mineração. E agora, de onde virá o socorro?
Ainda se fala em tornar Ipiaú uma cidade universitária ou o mais novo polo administrativo do estado. Que os anjos digam amém. O problema é o que fazer com a legião de desempregados até lá.
Celso Rommel / Ipiaú on Line
Noticia 21220

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