segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Bahia, Rio e São Paulo lideram linchamentos no Brasil



Depois da notícia de que um adolescente, acusado de roubo, foi preso ao poste com uma trava de bicicleta, os casos de linchamento e de grupos que se autoproclamam “justiceiros” ganharam espaço na imprensa e nas redes sociais. O assunto provocou repercussão. Os críticos à violência classificaram a situação de “volta à Idade Média” enquanto que parte da população respondeu com o discurso: “adote um bandido”. Apesar dos ânimos exaltados, o fenômeno não é novo. O linchamento é alvo de um estudo da Universidade de São Paulo que mostra, ao contrário do que parece, que este tipo de violência vem diminuindo de 1980 para cá. O levantamento, feito pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, revela que São Paulo (580 linchamentos), Rio de Janeiro (204) e Bahia (180) são os estados onde mais aconteceram casos desses. Mas, nos últimos anos, os registros têm diminuído na maioria dos estados. Em São Paulo, por exemplo, em 1994, foram 88 casos, que caíram para 40 em 2000 e apenas dez em 2010. O cenário também é de queda no Rio de Janeiro. O Estado registrou 20 linchamentos em 1993, mas o número baixou para dez em 2002 e apenas um em 2010. Se a população tem recorrido menos às próprias mãos para fazer justiça, os motivos para que isso ainda continue acontecendo são, na maioria das vezes, os mesmos de 30 anos atrás. Desde a década de 1980, 25% dos casos de linchamento em São Paulo foram por causa de roubo e/ou sequestro relâmpago. A segunda razão mais comum para este tipo de violência é o próprio homicídio, que representa 17% dos casos que aconteceram entre 1980 e 2009 no Estado. No Rio de Janeiro, a situação é parecida. 30% dos casos registrados aconteceram após populares flagrarem roubos ou sequestros.

(Tribuna da Bahia)

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