Os dados são alarmantes. Segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), 204 novos casos de AIDS foram registrados na Bahia, desde janeiro até ontem.
Dos infectados, 130 são homens e 74 mulheres. O número é considerado alto se comparado a todo o ano de 2011, quando foram identificados 302 pacientes com o vírus HIV. A estatística ainda pode ser maior que a divulgada, já que os dados foram atualizados somente pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e muitos infectados pelo vírus não procuram atendimentos médicos.
De acordo com a Sesab, de 1984 até junho do ano passado, 18302 casos foram notificados pelo Sinan e registrado no Sistema de Controle de Exames Laboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos (Siscel). A incidência de casos no universo masculino é quase 100% maior do que com o feminino. No total foram contabilizados, neste mesmo período, 6812 casos com mulheres e 11490 em homens.
Surgida no século XIX na África Ocidental, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é causada pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Transmitido através de contato direto com a membrana mucosa ou com a corrente sanguínea, o vírus torna o infectado numa pessoa sensível e desprotegida a infecções e tumores. Vacina para os não infectados, assim como a cura da doença ainda é um desafio enfrentado pela ciência.
Na Bahia, o diagnóstico do vírus pode ser feito de forma gratuita, através do Sistema Único de Saúde (SUS). De forma anônima, testes podem ser realizados a partir da coleta de sangue em Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs).
Entre os mais procurados pelos portadores está o Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP, antigo CREAIDS), localizado na Rua Comendador José Alves Ferreira, Garcia, as Unidade de Prevenção e Educação em Saúde (UPEs), Centro Baiano Anti-AIDS, onde os exames podem ser realizados, inclusive em crianças. Este ano, quatro pessoas, menores de 13 anos, foram diagnosticadas com o vírus HIV.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, o teste mais utilizado para detectar os anticorpos anti-HIV no organismo chama-se Elisa. O objetivo de exame é procurar determinados anticorpos, desenvolvido apenas pelos infectos ao HIV. Para não restar dúvidas quanto o resultado, o paciente deve realizar o teste de Western Blot.
Apesar do resultado negativo, caso haja suspeita de infecção, o indivíduo ainda pode estar infectado, pois dependendo do período, a taxa de anticorpos pode não estar desenvolvida o suficiente para serem diagnosticadas em exames.
Apesar da garantia de tratamento gratuito, o medo do diagnóstico, falta de informação e preconceito são alguns dos fatores que contribuem para a baixa expectativa de vida entre os pacientes.
Ano passado, o Instituto de Saúde Coletiva, da Universidade Federal da Bahia realizou estudo com 1241 pessoas e confirmou que 50% dos portadores de HIV Aids têm acesso tardio aos serviços de saúde, o que diminui a expectativa de vida. Outros 40,3% levam até três meses para ter a primeira consulta médica e apenas um quarto chega aos serviços públicos de saúde, um mês após o diagnóstico.
PREVENÇÃO – Até o momento o uso de preservativo é considerado é a prevenção mais recomendada. Também é necessário cuidados com agulhas, seringas e qualquer objeto cortante, que não foram descartados ou fervidos.
De acordo com o médico infectologista, Rogério Medrado, o uso de drogas também contribuiu para o aumento nos casos de AIDS. “Além do contágio através do sexo, acredito que o aumento na incidência de casos de AIDS ocorre também pelo advento do uso da droga. É cada vez mais frequente contaminação entre usuários, que compartilham seringas infectadas, ou até mesmo com relações sexuais desprotegidas”, explicou.
Como a Aids não tem sintomas próprios e o vírus HIV enfraquece o organismo infectado, a doença manifesta-se através de outros problemas de saúde. “Geralmente estes pacientes tem baixa imunidade e ficam vulneráveis a tuberculoses, anemias e outros tipos de doenças. É importante também ficar atento a cansaços e febres constantes”, recomendou Medrado.
(Tribuna da Bahia)
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