sábado, 5 de julho de 2014

Desencanto afasta 71% dos jovens do voto



“Ainda preciso amadurecer um pouco nesse sentido de eleição, saber em quem votar. Não podemos escolher qualquer pessoa para nossa política”. A justificativa vem do estudante Carlos Coelho, de 16 anos. Apesar de ter o direito de votar, o adolescente não fez o registro eleitoral. E faz parte dos cerca de 71% de baianos com 16 e 17 anos que não irão as urnas em outubro. O dado foi obtido a partir do cruzamento de informações do Censo de 2010 do IBGE e das estatísticas do eleitorado disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com o IBGE, a estimativa é que, em 2014, aproximadamente 560 mil baianos teriam idade para optar ou não pelo voto. Ainda que tenham esse direito, o número de títulos emitidos para a faixa etária foi 162 mil.

O número baiano é superior à adesão nacional. Enquanto no Brasil 20% dos adolescentes fizeram o registro, na Bahia o título foi emitido por 29% deles. Tal como Coelho, Juan Pierre segue no mesmo coro. “Tenho vários motivos (para não fazer o título de eleitor). Primeiro que não vejo candidatos bem sucedidos. E, segundo, eles não merecem meu tempo pra tirar o título e nem ir votar”, reclama Pierre. Ambos não participaram da série de manifestações de 2013, quando parte da juventude foi às ruas com a justificativa de “um Brasil melhor”. “O governo sabe muito bem do que o Brasil precisa, e o povo não precisa ir fazer manifestação”, justifica o estudante de 16 anos. “A gente percebe que é uma tendência da juventude ser desgostosa da política tradicional. E isso não é exclusividade do Brasil”, avalia o professor Carlos Zacarias, especialista em história política. Para ele, a condição de “setor mais esperançoso” dos jovens justifica a baixa participação deles no sistema político.

Segundo Zacarias, “os jovens vão votar sem a expectativa de mudança”. “A juventude nunca deixou de ter uma causa, uma ideologia. Que não se reflete na política tradicional. O sentimento de descontentamento está presente em todas as faixas, mas os mais velhos são mais cautelosos”, identifica.

(Folha)

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